Uma mãe educadora que nunca esqueceu da morte de seu filho, um “Gênio da Matemática”

Com o título “3 Anos Sem Você Saudades - A José Leandro Pinheiro”, eis artigo publicado no domingo 25/10/2015, na página do Facebook da E.E.B. FRANCISCA JOSUÉ DE SOUZA CARNEIRO de Dep. Irapuan Pinheiro – CE, a mãe educadora do estudante José Leandro Pinheiro. O Autor foi: Amadeu Érico Alves Braga. Confira:


14 de Fevereiro de 1991, nesta data nascia, no município de Acopiara, José Leandro Pinheiro, o orgulho de Josefa Maria Pinheiro, a Dona Zefa, como é conhecida por todos, e do Senhor Nestor Holanda Pinheiro. 

Ao nascer ainda não tinha se tornado o gênio da Matemática de Dep. Irapuan Pinheiro, mas seus pais já enxergavam nele um futuro brilhante. Nestor, agricultor e D. Zefa, professora sempre lhe conduziram pelo caminho do respeito e da boa educação. Desde cedo o incentivaram a dedicar-se aos estudos, pois este seria o caminho para fazê-lo grande. Tímido, calado, mas sempre muito atencioso, destacava-se pela rápida assimilação dos conteúdos, pela obediência e pelo bom comportamento.

Começou a estudar muito cedo, cursou até a 4ª série, no Sítio Catolezinho, mesmo sítio onde residia. Desses anos em que estudou na Escola São Raimundo, destaca-se o fato de ter aprendido a ler com a sua mãe, já que esta era professora. Em 2001, como já não havia em seu sítio a 5ª série na qual devia ingressar, matriculou-se na Escola Francisca Josué de Souza Carneiro, na Sede do Município, onde cursou os anos finais do Ensino Fundamental. Sua efetivação nas aulas era marcante. Seu interesse e a vontade de crescer deixavam a todos impressionados. Em dezembro de 2004 concluiu a 8ª série, sempre com boas notas e sempre se destacando na Matemática, parecia que eles dois haviam nascido um para o outro. 

Em 2005, começou a cursar o Ensino Médio na E.E.M. Joaquim Josué da Costa, no final desse ano, prestou o exame de seleção para o Instituto Federal de Educação Tecnológica em Iguatu e de lá por diante o seu nome e a sua fama como o gênio da Matemática só fazia crescer. 

Orgulho da família, ganhador de várias medalhas não só em Matemática, como também em Física, Leandro concluiu o Ensino Médio no Instituto Federal de Iguatu. Saiu de lá levando consigo não só o aprendizado, mas o respeito e a admiração dos colegas e professores, e deixando no Instituto o seu nome para ser usado como referência para os alunos que viessem depois dele.

Em 2009 prestou vestibular na UFC, universidade onde José Leandro Pinheiro marcou sua história. Menino de bom caráter, estava sempre disposto a tirar as dúvidas de seus colegas, se realizava ajudando-os, afinal seu sonho era ser Professor Universitário. Poucos sabem, mas ele foi nos mais de 50 anos do curso de Matemática o único a conseguir o mais alto nível de rendimento acadêmico. Seus professores afirmaram que ele não precisava de aula para estudar, caso não tivesse aula e o entregasse um livro, ele estudava do mesmo jeito, mesmo nas provas mais difíceis ele conseguia tirar dez. Dedicação ímpar, fato que o fez concluir o curso em 3 anos. 

Em 2011, concluiu seu Bacharelado em Matemática na Universidade Federal do Ceará, mas para ele sua caminhada estava apenas começando. Sua fome de aprender ainda não havia sido saciada. Ainda neste mesmo ano, fez o Curso de Verão do Impa – INSTITUTO DE MATEMÁTICA PURA E APLICADA, do Rio de Janeiro, e passou para o Mestrado, no melhor instituto de Matemática do país. Lá o processo de Seleção é tão rigoroso que algumas vagas nem chegam a ser preenchidas. Mas José Leandro Pinheiro, Irapuense, chegou lá. Segundo depoimento de Thiago Augusto, colega dele no Impa, ele era um dos melhores alunos, “podia até ter alguém igual, mas melhor do que ele não tinha”. José Leandro não se envergonhava de suas origens, sempre que tinha oportunidade deixava bem claro, que era filho de agricultores, de origem humilde e divertia os colegas contando das vezes que teve de ir buscar água no lombo do jumento para saciar a sua sede e de seus familiares. Enfim tinha um coração puro, não enxergava maldade, até mesmo quando mexiam com ele, tomava como brincadeira, e seguia, afirma Thiago Augusto. 

Em conversas recentes com sua mãe, contava que seu próximo passo seria fazer Doutorado nos Estados Unidos.

Mas a vida é cruel. E quando menos se espera, fecham-se as portas, apagam-se as luzes e somos pegos de surpresa por acontecimentos, que nós não conseguimos entender. Os ouvidos escutam, os olhos vêem, mas sei lá, o cérebro parece que brinca de nos pregar peças, ora nos fazendo acreditar e ora deixando-nos a pensar: será que é um pesadelo e que ao acordarmos tudo terá passado? 

Quem dera fosse? 25 de Outubro de 2012, não terá mais o mesmo brilho. Sempre ficará ofuscada no calendário como a data em que perdemos José Leandro, nosso gênio da Matemática. Dona Zefa, seu Nestor, seus irmãos, familiares e amigos, perderam muito. Nós educadores perdemos muito também, pois acreditávamos no imenso potencial de José Leandro. Mas tenho certeza que o Brasil, o Mundo perdeu muito mais. Pois esta injustiça, fez com que fosse ceifada a vida de mais um gênio, que se foi sem ter tempo para concretizar os sonhos que povoavam seu imaginário. 

Vai com Deus, José Leandro, certamente Deus estava precisando de um matemático para ajudá-lo a calcular o infinito. Que Deus possa conformar a família, dando-os a certeza de que ele agora está eternamente sob sua guarda.

Esta é uma homenagem de todos que fazem parte da E. E. B. Francisca Josué de Souza Carneiro.

Autor: Amadeu Érico Alves Braga

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